Saudades de Quê?

 ...de PULAR ELÁSTICO.

Ontem estava muito frio por aqui. Frio, meia, cobertor, preguiça e pensamentos. Combinação perfeita para pensar, projetar, refletir. Eu escolhi pensar, ou melhor, lembrar. Lembrar de minha infância tão curta e tão intensa. Do cheiro de minha rua, das gargalhadas que só uma criança sabe dar, das brincadeiras que não vemos mais. E dos vizinhos com reclamações de barulho e peraltices. Dos casais namorando no portão e a gente brincando e "passando o olho" vez ou outra para flagrar os beijos.

Sinto tanta saudades daquela rua. Ela mudou muito. Não tem mais a Serraria de Seu Louro e as toras de madeira que nos serviam de banco. As quatro casas iguais, eu morava em uma delas, de D.Floracy. O "munturo" que dava pra Rua Sete de Setembro e que eu atravessei inúmeras vezes pra comprar pão na "venda" de Seu Zé Cassiano. 

Sinto saudades também dos vizinhos queridos. Antigamente, os vizinhos faziam parte da vida da gente como se fossem da família. Tantos já se foram... Sabe, àquelas pessoas que você acha que nunca vão morrer? Eu pensava que D. Lia e Seu Neca, D. Otília e Seu Sebastião, Seu João "Pandero" e D. Maria "Pandero", Júnior de "Lala" e Lala fossem eternos. Mas eles se foram. Um de cada vez, deixando saudades e muitas lembranças. Lembranças que vão viver na minha memória pra sempre. Ainda bem que elas existem, né?

E em meio a esse turbilhão de pensamentos, e o frio que eu estava sentindo, lembrei de como a gente, minha turma lá da rua, se aquecia em dias frios. Nós pulávamos elástico. A brincadeira era, inicialmente, com três meninas. Duas ficavam com o elástico na canela, formando um retângulo, enquanto a terceira pulava até perder. Pois não podíamos nos enrroscar. Tinha que passar pelas quatro etapas o mais rápido possível. E eu era boa nisso, viu?! Pulava com o elástico até o pescoço (altura máxima na disputa). Era tão divertido... Eu suava horrores, mas nunca ficava exausta. Era uma brincadeira pro dia inteiro.

E hoje eu sinto frio, a brincadeira não existe mais e o que me aquece são meias, um cobertor e a preguiça que me fez recordar tudo isso e aquecer também meu coração.

Beijos.

Rejane Abreu.