Além da aparência desgastada pela falta de cuidados e maus tratos, os afazeres domésticos torturavam o seu dia a dia. A casa inteira para cuidar; os filhos; o cheiro de gordura impregnado em sua pele pelas horas seguidas na minúscula e abafada cozinha e as visitas constantes que vinham da zona rural para pequenas compras na cidade traziam angústia e sofrimento para sua repetitiva rotina.
Mas nada era mais humilhante que lavar o banheiro. Único. Imundo. Fedido. Tinha que lavá-lo duas vezes. Ao acordar e depois das visitas saírem, por volta das cinco horas da tarde. A hora de seu dia mais desgraçada. A hora de seu dia em que mais chorava. Amaldiçoava-se esfregando com ódio a privada suja. O cheiro fétido e úmido lhe causava náuseas e às vezes o vômito vinha. Perguntava-se, entre lágrimas, o porquê do descuido no uso daquele lugar. Porcos! Grunhia com os dentes cerrados e o punho socando o chão a ser lavado. Ódio! Ódio! Ódio! Ela gritava sem ninguém ouvir. Era um grito interno de desespero, pois seus filhos estavam logo ali, assistindo um programa qualquer na televisão da sala.
Texto: Rejane Abreu
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Bjs, bjs ---:*-*:---
Adoro ler,
ResponderExcluirTem selinho pra ti lá no blog.
Òtimo dia
Beijos
Uau. Que belo texto. Adorei a profundidade.
ResponderExcluir:)
Nossa, adorei a intensidade e a descrição desse conto. Inclusive, preciso lavar o meu e estou tendo ímpetos similares de ódio. Especialmente porque está frio, chovendo, e tudo que eu queria era um chocolate quente com filme e edredon.
ResponderExcluir;)
Beijoca!
Texto forte, bem forte!!! Bjoo.
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